Dez tendências tecnológicas que você deve ficar de olho nos próximos 5 anos
Em TI algumas tecnologias que são ditas tendência morrem sem produzir efeitos, enquanto outras são tão significativas que transformam nossa sociedade e a forma como vivemos no mundo.
Ficar antenado para descobrir quais as tendências de tecnologia irão transformar a forma como fazemos negócios e incluí-las nas estratégias de inovação das nossas empresas podem representar a diferença entre continuar ou não no mercado.
Apesar de alguns assuntos não serem inéditos, e à primeira vista parecer distantes da realidade do nosso dia a dia, as tendências tecnológicas estratégicas divulgadas pelo Gartner (empresa global de consultoria e aconselhamento digital) estão mais próximas do que imaginamos, por isso ficar com os olhos bem abertos é uma boa pedida para não sermos atropelados pelo “bonde da tecnologia”.
Os três grupos de tendências do Gartner
O Gartner dividiu essas tendências em três grandes grupos que mudarão a forma como as empresas fazem negócios ao longo dos próximos cinco anos.
O primeiro grupo diz respeito a inteligência artificial (IA) associado a aprendizagem de máquina que está invadindo todas as áreas.
As quatro seguintes tratam da mistura entre os mundos digital e físico que se fundem em um ambiente imersivo e digitalmente enriquecido.
Finaliza com três tendências que exploram as relações entre pessoas e empresas, dispositivos, conteúdos e serviços que possibilitam o surgimento de negócios digitais cada dia mais disruptivos.
1. AI Foundation (Inteligência artificial como base)
Será possível delegar para uma máquina qualquer tarefa intelectual que um ser humano é capaz de fazer?
Por enquanto parece que não! A inteligência artificial ainda continua restrita a soluções dimensionadas para tarefas específicas como entender um idioma ou dirigir um veículo em ambiente controlado.
Segundo David Cearley (vice-presidente, analista e parceiro do Gartner) as empresas devem se concentrar nas aplicações que usam inteligência artificial como um meio para atingir resultados de negócio superiores e deixar as discussões muito futuristas para pesquisadores e escritores de ficção científica.
No mundo real esta tendência trará desafios para a indústria de tecnologia desenvolver sistemas que aprendem, adaptam-se e agem de forma autônoma. Na prática, ajudará gestores a tomarem decisões mais assertivas, melhorar a experiência do consumidor e reinventar modelos e ecossistemas de negócio.
Para tornar isso realidade dentro das empresas, várias disciplinas como ciência de dados, programação e gestão devem interagir de forma harmônica.
2. Intelligent Apps and Analytics (Aplicativos e análises inteligentes)
A invasão da inteligência artificial no desenvolvimento de software será irreversível nos próximos anos, cada aplicação seja ela fixa ou móvel incorporará de forma massiva ou sutil algum nível de IA e aprendizado de máquina.
Para Cearley esta tendência deve ser vista como uma forma de aumentar a produtividade humana e não simplesmente como um meio de substituir as pessoas. Os CIOs devem verificar com os seus fornecedores de software como usarão a IA para gerar valor de negócio por meio da melhoria da experiência do usuário, análises avançadas, processos inteligentes entre outros.
As aplicações inteligentes criarão uma nova camada intermediária de inteligência entre as pessoas e os sistemas e terão o potencial de transformar a maneira como elas trabalham.
Pode ser usada em um vasto conjunto de segmentos de software e serviços, como gestão empresarial (ERPs, CRMs ...).
3. Intelligent Things (Dispositivos inteligentes)
Os dispositivos ou “coisas” inteligentes podem usar a IA e o aprendizado de máquina para interagir de maneira inteligente com pessoas e ambientes.
É possível aplicar a inteligência artificial em novas coisas (automóveis autônomos, robôs, drones) ou melhorar as já existentes como a IoT e sistemas industriais.
Já podemos ver aplicações dessa tendência no agronegócio e na mineração, que usam em ambiente controlado veículos autônomos.
À medida que se proliferam, haverá uma migração das coisas inteligentes autônomas para colaborativas. Neste modelo, vários dispositivos funcionarão em conjunto, de forma independente ou a partir da interação humana. Existem estudos militares com o objetivo de usar conjuntos de drones para ataque e defesa.
4. Digital Twins (Gêmeo digital)
O gêmeo digital nada mais é do que a representação virtual, de uma entidade ou sistema do mundo real. Uma espécie de espelho digital onde uma série de tecnologias emergentes como a Internet das Coisas, big data, analytics, cloud computing e simulação computacional desempenham papéis fundamentais.
Muito tem se falado na aplicação dessa tendência na fábrica do futuro (Indústria 4.0). Com o digital twin, é possível criar ou testar equipamentos e produtos em ambiente virtual muito antes deles existirem. As simulações virtuais são vistas como um caminho para garantir eficiência em custos, tempo e energia.
O Gartner aposta que dentro de três a cinco anos, bilhões de coisas serão representadas pelos seus gêmeos digitais.
5. Cloud to the Edge (Da nuvem para a borda da rede)
A Edge Computing descreve uma tipologia de computação em que o processamento da informação, a coleta e a distribuição de conteúdo estarão mais próximas do usuário ou dispositivo gerador de dados. Essa abordagem atenua problemas de conectividade, latência e largura de banda comuns em modelos distribuídos.
Aplicações como telemedicina e carros autônomos podem ser inviabilizadas por tipologias que têm alta latência, já que necessitam de tempo de resposta muito rápido para operar.
Ao contrário de que muitos pensam cloud computing e edge computing não são concorrentes. Quando vistos como conceitos complementares, a cloud pode ser o tipo de computação utilizado para criar um modelo orientado para o serviço e uma estrutura de coordenação e controle centralizadas, com a Edge sendo utilizada em um modo de entrega para execução de processos distribuídos e desconectados, em determinados aspectos, do serviço cloud, pontua Cearley.
6. Conversational Platforms (Plataformas de conversação)
As plataformas de conversação vão levar à próxima quebra de paradigma na forma como as pessoas interagem e controlam o mundo digital. A responsabilidade de traduzir intenções passa do usuário para o computador.
A plataforma recebe a questão ou o comando do usuário de forma oral e responde executando alguma tarefa, apresentando algum conteúdo ou pedindo informações adicionais.
Esses sistemas são capazes de fornecer respostas simples, por exemplo quando você desejar saber como está o clima, ou realizar interações mais complicadas como fazer a reserva em um restaurante.
Essas plataformas continuarão a evoluir para ações ainda mais complexas, como a coleta de depoimentos de testemunhas criminais para criar o esboço do rosto dos suspeitos a partir da informação prestada.
Os desafios enfrentados pelas plataformas de conversação estão relacionados à forma como os usuários devem se comunicar (muito estruturada, que pode se traduzir em uma experiência muito frustrante).
O principal diferencial dessas plataformas será a robustez dos seus modelos de conversação e da interface da aplicação e modelos de eventos utilizados para acessar, invocar e orquestrar serviços de terceiros (APIs) para disponibilizar resultados complexos.
7. Immersive Experience (Experiência imersiva)
As realidades virtual, aumentada e misturada estão mudando a forma como as pessoas percebem e interagem com o mundo digital. Combinado com plataformas conversacionais possibilitará ao usuário uma experiência totalmente imersiva.
Nos próximos cinco anos, o foco será a realidade misturada. Ela propõe a combinação de cenas do mundo real com o virtual oferecendo ao usuário uma maneira intuitiva de interagir com uma determinada aplicação.
Existem inúmeras possibilidades de exploração dessa tendência pelo mercado de entretenimento avançado como games e vídeos em 360º que se materializam em smartphones, tablets, sensores de ambiente, óculos...
Os outros mercados devem avaliar quais as oportunidades de aplicação da realidade misturada que podem trazer ganhos.
A Realidade Misturada pode abranger tudo o que diz respeito à percepção e interação das pessoas com o mundo digital.
8. Blockchain
O blockchain é um livro contábil compartilhado, distribuído, descentralizado e tokenizado que remove a fricção comercial por ser independente de aplicativos ou participantes individuais.
É muito mais do que a infraestrutura que viabiliza as criptomoedas. A tecnologia está evoluindo para uma plataforma de transformação digital que pode servir como base para negócios digitais disruptivos.
Apesar de estar fortemente associada ao mercado de serviços financeiros a tecnologia pode ter muitas aplicações potenciais, incluindo administração pública, saúde, indústria, distribuição de mídia, verificação de identidades, registo de títulos e cadeias de suprimento.
Uma abordagem prática para o blockchain exige uma compreensão clara das oportunidades de negócio, das capacidades e das limitações, além de arquitetura de confiança e habilidades de implementação.
É uma promessa futura já que as tecnologias associadas ainda são incipientes e muito restritas as criptomoedas. Entretanto, segundo o Gartner, o blockchain será uma realidade nos próximos dois a três anos, e irá, sem dúvida, criar disrupção.
9. Event-Driven (Foco nos eventos)
Com o advento da inteligência artificial, blockchain, IoT e outras tecnologias, eventos de negócio podem ser analisados detalhadamente em segundos e traduzidos em oportunidades exploradas comercialmente pelas empresas.
Os eventos podem ser qualquer coisa assinalada digitalmente, e que refletem mudança de estado, por exemplo a conclusão de uma ordem de compra.
Entretanto, a tecnologia não produz efeito por si só. Deve haver mudança na cultura dos líderes de TI que têm de se envolver no pensamento por evento para conseguir obter em totalidade o valor oportunizado pelo modelo.
10. Continuous Adaptive Risk and Trust (Análise Contínua e Adaptável de Riscos e Confiança)
Para o Gartner segurança é parte integral da equação de negócios digitais quando se trata de tecnologias como serviços em cloud, big data, dispositivos móveis e de TI, DevOps e blockchain. Contudo os especialistas em segurança precisam adaptar técnicas de segurança para conseguir lidar com as ameaças que evoluem junto com essa transformação digital.
A CARTA (acrônimo de Continuous Adaptive Risk and Trust Assessment - Análise Contínua e Adaptável de Riscos e Confiança) é uma abordagem que se baseia na arquitetura de segurança adaptativa, que ocorre de forma dinâmica conforme interações e eventos acontecem.
A abordagem estratégica CARTA é ampla e foi definida com detalhamento em um relatório recente do Gartner.
Fonte: Redes Tecnologia e Serviços